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Geral

“Número de pessoas a querer desfazer-se dos animais aumentou no pós-Covid”

14 de agosto, 2025
Oeste CIM
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Um animal adulto consegue adaptar-se a novos donos. Esta é uma das mensagens fortes que a GAPA (Associação Animais Alcobaça) tenta passar no Dia Internacional do Animal Abandonado, que se celebra no sábado. A entrevista foi também a oportunidade para perceber como funciona esta associação sem fins lucrativos situada num dos concelhos do Oeste, as dificuldades que enfrenta e os casos de sucesso que servem de inspiração. Como o do Nicolau: atropelado, abandonado e cheio de lesões graves, mas cuja recuperação pôs um corredor médico de pé a aplaudi-lo.

- O número de animais abandonados aumentou nos últimos tempos?

- Não consideramos que possamos dizer que o aumento, per si, tenha aumentado. Mas nos últimos anos, sobretudo no pós-Covid, vimos aumentar o número de pessoas a querer desfazer-se dos seus animais. Vemos ainda, e muito, a presença de ninhadas de rua, sobretudo colónias, mesmo com o CED (captura-esterilização-devolução) implementado há anos no nosso concelho.

- Que tipo de animais costumam receber?

- Nos últimos tempos temos estado algo limitados na receção de animais, pois a sobrelotação é uma realidade. Temos de dizer ‘não’ muitas vezes, infelizmente, por incapacidade de resposta... Mas tentamos não deixar para trás situações realmente urgentes. Animais acidentados, negligenciados ou vítimas de algo notoriamente urgente.

- Quais as maiores dificuldades que enfrentam na entrega dos animais para adoção?

- As dificuldades ainda continuam as mesmas do início. Acolhemos maioritariamente adultos e seniores, sendo que estes são sempre de mais difícil adoção. Mudar a mentalidade de que um animal adulto se adapta, ainda é trabalhoso.

Recebemos maioritariamente cães e gatos. Mas já resgatámos um cabrito, temos um porco e um coelho (sendo que já nos morreram dois). Mais frequentemente, resgatámos um ou outro passarinho de situações esporádicas

- Recebem apenas cães e gatos? Qual foi o animal mais invulgar que já receberam?

- Recebemos maioritariamente cães e gatos. Mas já resgatámos um cabrito, temos um porco e um coelho (sendo que já nos morreram dois). Mais frequentemente, resgatámos um ou outro passarinho de situações esporádicas.

- O número de pessoas interessadas em adotar animais tem aumentado?

- Temo-nos vindo a deparar com um decréscimo no número de interessados. Acreditamos que as dificuldades financeiras e a instabilidade do mundo de trabalho têm influenciado esse número. 

- Qual é o animal mais antigo que têm na vossa associação?

- Temos vários cães seniores que já estavam ao cuidado da associação, ainda a associação não tinha espaço físico. Temos, por isso, alguns cães connosco há muitos anos, pois o nosso espaço tem praticamente uma década. A nossa Estrelinha é, provavelmente, a mais velhinha, com certeza, com 14, 15 anos.

- Quais são as principais dúvidas ou receios das pessoas que vos procuram para adotar?

- As dúvidas, geralmente, são desfeitas logo de início. Prende-se muito com questões mais práticas sobre este ou aquele animal... sobre qual a taxa de sucesso da integração de um novo animal... que novos hábitos podem ser ensinados e qual a melhor forma de o fazer.

- Alguma história que gostariam de partilhar?

- As nossas ‘histórias bonitas’ são todos os ‘finais felizes’ que conseguimos dar. Muitas vezes acusam-nos de “não querer dar animais”, mas isso é apenas porque procuramos só e apenas os melhores donos do mundo. Ver os nossos meninos desabrocharem, voltarem a acreditar no humano é o mais bonito do mundo! Como história de sucesso, medicamente falando, temos o nosso Nicolau... atropelado e deixado na estrada, debaixo de chuva, tinha lesões muito graves... todos pensámos que não voltaria a andar, mas, semanas depois de cirurgias, tratamentos e internamento, saiu pelas suas próprias patas do hospital, onde o corpo médico fez um corredor de staff só para o ver passar e aplaudir. É um cão especial, que ainda hoje está connosco!

Última Atualização 14 agosto, 2025

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